A sociedade normalmente julga o valor de um homem pelos seus atos, pelos seus feitos. Muitas vezes, atos impetuosos, arrojados e de improviso são taxados de atos de valor. E assim, muitas vezes, a impetuosidade de alguns, que os levam a atos anarquistas e muitas vezes irresponsáveis, são identificados como atos de valor, mas muitas vezes não passam de atos insensatos.
A história da humanidade registra aqueles que se tornaram heróis por suas façanhas guerreiras, pelos seus atos de coragem, tantas vezes movidos pela impetuosidade e pelo ego exaltado. Como esclarece a mentora espiritual Joanna de Angelis, através da psicografia de Divaldo Franco, foram “ïmpulsionados pelas alucinações da ira ou da ferocidade interior, incapazes de uma vida pacífica”, partiram em busca da glória e do sucesso através das lutas, tantas vezes cruéis, das matanças em nome de ideais nobres, mas mascarados pelo ego exacerbado.
Existiram tantas pessoas corajosas, que num impeto ou impulso, salvaram a vida de outras pessoas. Homens que deram a vida para salvar outra, e que até perderam a vida na tentativa de outros salvar. Existiram outras que impetuosos, deixaram sua palavra expressar-se livremente e apesar da boa intenção, sózinhos abraçaram uma causa maior que seus braços, e foram condenados, retirados da sociedade. Alguns viraram heróis, outros foram esquecidos.
Sem dúvida, todos tem seu mérito, no entanto, o que define o ato valoroso, o valor de uma pessoa? Serão seus atos heróicos, seus impulsos impensados e as vezes ferozes?
O valor,esclarece-nos a mentora espiritual, “não se revela apenas no momento do gesto audaz, na situação opcional, no instante crítico.”O valor no ser humano é a firmeza no ideal do bem, é o esforço para vencer as dificuldades diárias com atitudes cristã, lutando contra a sombra do ego, do ciume, da inveja, do egoismo.
A sociedade moderna, rica de meios de comunicação, parece valorizar mais aquele que faz a guerra àquele que luta pela paz; promove o ladrão e não o que luta contra a miséria social. A midia está cheia de brigas e palavras chulas trocadas entre pessoas; lutas de boxe – tão semelhantes aos gladiadores de 2000 anos atrás. Milhões são pagos as redes de televisão para transmitir estes programas e notícias em horários nobre. O que dá notícia – o ladrão, o assaltante, o sequestrador, ou o cientista que dedica-se vida inteira, comprometendo as vezes sua saude na busca de soluções para os problemas da humanidade? Os piores traficantes, assassinos, seqüestradores, esses sim, são notícia.
Quem dá mais audiencia na televisão: a reportagem sobre Madre Teresa de Calcutá ou o filme de guerra ou do homem aranha, ou do 007? Qual o jogo de video game que vende mais: aquele que o combate impera ou onde as flores e os bichos fazem a estórinha?
Vale a pena pensar sobre os valores que cultivamos na nossa sociedade, as escolhas que fazemos no dia a dia, ao ler o jornal, ver televisão, comprar um livro, frequentar um esporte, ajudam a criar os valores sociais que são transmitidos de geração a geração.
O verdadeiro valor do ser humano revela-se nas suas scolhas e decisões pessoais, em suas atitudes frente a vida, seja na intimidade do lar, na escola ou no trabalho.
O ser consciente da sua imortalidade, Espirita e Cristão, deve construir seus valores na sua necesssidade de progresso espiritual para atingir a plenitude, a felicidade almejada e sonhada.
Um dia, Jesus chamou-nos a atenção dizendo: “Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.” (Lucas 12-34) Resume, o Mestre, a fórmula para avaliarmos onde estão nossos valores.
Portanto, o valor do ser humano, revela-se em como ele age na intimidade do lar, nas suas atitudes no trabalho, na forma com que trata os outros seres humanos que com ele convivem. Revela-se também na “coragem de vencer-se antes de pretender vencer o próximo”.
É um pai ou mãe amoroso, que procura o ajustamento e a harmonia da família, responsabilizando-se pela educaçãodaqueles que lhe foram encaminhados para o amor e a disciplina moral, ao nvés de buscar as soluções fáceis, o descanso para si, deixando a família em desalinho de emoções e interesses.
No trabalho, seus atos são de austeridade moral, ao invés de deixar-se corromper facilmente pelas circunstâncias. Busca o trabalho honesto, evitando aqueles que corrompem a sociedade, evitando a extorsão, a corrupção e o crime.
Nas relações sociais, , “apesar dos interesses nem sempre elevados que se cruzam”, o valor emerge naquele que busca a fraternidade. Nas atividades sociais, busca a colaboração e a cooperação e luta contra as dificuldades do ego, evitando os melindres, as discussões inúteis e desgastantes que levam a desagregação do traba;ho e impedem o progresso.
Diz-no Joanna de Angelis, que a pessoa de valor tem “a coragem de vencer-se antes que pretender vencer o próximo, de desculpar antes que esperar desculpado e de amar não obstante desaires e desencantos, revela o cristão, o legítimo homem de valor.”
E lembra-nos a mentora espiritual que “na arena romana, após repudiado pelas feras, Inácio de Antióquia, depois de haver orado, confabulou com um Emissário Divino. Lamentando não ser aceito em holocausto pelo Senhor, do Mensageiro escutou, comovido:
“Jesus espera de ti muito mais. Morrer, agora, é fácil e rápido. Ele deseja, porém, que morras vivendo a cada instante, sob as injunções da impiedade, da ingratidão e de outras lutas em que a tua fé e o teu valor darão testemunho demorado da tua fidelidade, por longo e tormentoso tempo”.tem coragem de vencer-se antes de pretender vencer o próximo.”
[Reflexões sobre o tema extraído do livro Convites da Vida de Divaldo Franc/Joanna de Angelis. Palestra do dia 17 de Janeiro de 2009, Verein für spirititische Studien Allan Kardec, Vienna, Austria]
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